T.A.B.U. - Você está preparado?

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O primeiro post(Propriamente dito) do blog será sobre um assunto que causou polêmica na sala de aula, mas sobre o qual poucos sabem, e que é rodeado de mitos: Os benefícios e problemas do uso da dietilamida de ácido lisérgico, o LSD.

O Tabu

LSD faz mal á saúde física e psicológica, deve permanecer ilegal e sua proibição foi justa e fundamentada em fatos concretos.

Por que é tabu?

Nenhuma das afirmações acima é verdadeira, como veremos abaixo, e ao contrário de outras drogas mais prejudiciais á sociedade, como o álcool, o cigarro e a maconha, ninguém discute a legalização ou proibição do LSD e seus efeitos.

Um pouco de história

O fungo Claviceps purpurea tem seus efeitos conhecidos desde a Grécia antiga. Ele forma uma massa preta no centeio geralmente durante o inverno, e na sua composição química estão diversos alcalóides de natureza psicoativa e psicodélica.Esses alcalóides eram usados em ritos de iniciação secretos no culto da deusa Deméter, a deusa grega da fertilidade e da fartura. Entre os iniciados nesse culto estavam grandes filósofos como Sócrates, Aristóteles e Platão.

Mais adiante, registros suspeitam que o pão de centeio muitas vezes usado como hóstia nas missas da igreja católica durante um certo período da idade média continha restos do Claviceps purpurea na forma desses alcalóides psicoativos, que sobrevivem ao calor do fogo usado para assar os pães. Dessa forma, justificam-se visões milagrosas, sentimentos de contato com Deus e muitas outras sensações espirituais.

Entretanto, quando em doses maiores e mais puras do fungo, esses alcalóides também causavam gangrenas, alucinações pesadas e até a morte, sendo então ligados á bruxaria e ação do diabo.

Por volta do século 19, cientistas começam a conseguir isolar os alcalóides nocivos dos inofensivos, e passam a usá-los como terapia pós parto para dor e hemorragia.

Em 1938, o químico Albert Hoffman consegue sintetizar o LSD, um semi-sintético derivado desses alcalóides psicoativos.

A partir de então, estudos começam a ser feitos sobre a substância, e a mesma é experimentada por diversos acadêmicos, artistas, cientistas e pessoas comuns. O livro “Céu e Inferno” de Aldous Huxley, foi inspirado em suas experiências com a substância. Em março de 1953, o geneticista ganhador de um prêmio Nobel Francis Crick deduz pela primeira vez a estrutura de hélice dupla do DNA enquanto sob o efeito de LSD. Acadêmicos de Harvard, Cambridge e Oxford freqüentemente usavam a substância para atingir níveis intelectuais mais elevados. Na década de 60, o LSD passa a ser usado pelo movimento hippie e os artistas que o representavam, até ser proibido em 1967 provavelmente devido ao uso excessivo que os soldados americanos faziam da substância durante a guerra, atrapalhando sua eficiência na mesma.

Desde então, a substância continua sendo distribuída ilegalmente, classificada como droga.

Fonte: · Hofmann A. "Die Geschichte des LSD-25". Triangel Sandoz Zeitschrift fur Medizinische Wissenschaften. 1955;2(3):117-24. (como citado em Ott J. Pharmacotheon. 1993. pg 123.)

· Hofmann A. LSD: My Problem Child. J.P. Tarcher, 1979. · http://www.erowid.org

Benefícios e efeitos

Os benefícios do LSD são inúmeros. Além de seus benefícios medicinais no tratamento da enxaqueca, seus efeitos podem trazer benefícios psicológicos e intelectuais incríveis. Desde mudanças espirituais profundas á sensações de autoconhecimento, ao longo de sua história diversos usuários tem usado a substância como um instrumento de elevação espiritual e intelectual, além de expansão da consciência e da percepção. Como já citado, processos científicos importantes ou corriqueiros foram feitos auxiliadas pelos efeitos do LSD, ou mesmo conseqüência direta. Em suma, o LSD é um incrível instrumento de potencialização da mente, dos sentimentos e do corpo, além de um excelente recreativo e um bom enteógeno, ao juntar sensações boas e experiências interessantes com autoconhecimento, lições de sociedade(Não é raro indivíduos sobre o efeito se tornarem mais sociáveis, tolerantes e em “harmonia” com o mundo a sua volta. Á exemplo o movimento hippie de “Paz e Amor”, que era abastecido pelo LSD) e de respeito a natureza, pois o LSD também traz muitas vezes uma sensação de união com o mundo e o meio ambiente.

Seus efeitos duram de 6-8 horas, seguidas de um período de 2-4 horas quando é difícil ir dormir, mas não são experimentadas sensações ditas psicodélicas.

Nos estágios iniciais, o LSD causa uma sensação similar á ansiedade e inquietação enérgica,combinada com uma sensação de que as coisas estão levemente diferentes do normal. Segue-se uma expansão perceptiva que inclui aumento no pensamento criativo e associativo, sensações espirituais profundas, sensações de autoconhecimento e insight nos problemas do dia a dia, pensamentos inusitados e incomuns, grande sensibilidade á música e aos demais sentidos(Paladar, olfato, visão), alucinações com os olhos fechados e abertos, dilatação da pupila, mudança geral na consciência, sensações corporais incomuns (ruborização, calafrios, arrepios), mudança na noção de tempo, mudança rápida de emoção, leve aumento da temperatura corporal e dos batimentos cardíacos (Como numa caminhada). As experiências bem preparadas e planejadas, em doses maiores e nas quais os usuários tem a intenção, atingem-se estados de êxtase espiritual e perda do ego, semelhante á rituais xamânicos antigos.

Fonte: http://www.erowid.org · Hofmann A. LSD: My Problem Child. J.P. Tarcher, 1979

Problemas

Os problemas do LSD estão diretamente ligados á quem usa e como usa. Problemas e preocupações na vida, emoções fortes e tensões, ambiente desconfortável, insegurança e medo podem desencadear a chamada bad trip: viagem ruim. Nela, efeitos como ansiedade, transpiração, medo, náuseas, paranóia, sensações fortes demais e megalomania podem surgir se medidas adequadas (Como buscar segurança com um amigo, relaxar ou encontrar um ambiente seguro e agradável) não forem tomadas. Pessoas com doenças psicológicas ocultas ou latentes como a esquizofrenia podem acabar trazendo-as a tona se tiverem tais problemas.

Quanto aos danos físicos e mentais, estes são mínimos. LSD não vicia, pois o corpo desenvolve tolerância a substância facilmente, e seu nível de toxicidade a põe como uma das substâncias farmacêuticas mais seguras existentes. Para comparação, pega-se a razão da dose mínima do LSD(20 microgramas) pela dose 50% fatal(Que mataria 50% dos usuários, e é12.000 microgramas) e obtém-se um valor equivalente á 0,0017(20ug/12000ug). Comparando com a mesma razão da cafeína, que é de 0,104(20mg/192mg), descobre-se que a mesma é cerca de 61 vezes mais tóxica que o LSD. Ou seja: é mais fácil alguém morrer de overdose de café do que de LSD. Inclusive, existem inúmeros relatos de morte pelo uso excessivo de cafeína, mas apenas um causado por uma overdose de LSD, quando um adulto de 34 anos injetou 320.000 microgramas diretamente no sangue. Para efeito de comparação, a dose normal é de 150 microgramas orais: Ele injetou uma dose 2133 vezes maior.

Desnecessário dizer, seria estritamente irrecomendável dirigir ou operar qualquer tipo de maquinaria pesada sob os efeitos da substancia.

Fonte: Jonathon, Ott. Pharmacotheon,1993, pg 139. · Stafford, Peter; Psychedelics Encyclopedia, pg 70 · Winchester, Haddad; Clinical Management of Poisoning and Drug Overdose, pg 459 · http://www.erowid.org

Conclusão

Tire suas próprias.

*** Pedro Vilela @ 17:19

quinta-feira, 27 de março de 2008

Sugerido por alunos da sala, esse post se destina a mostrar através da famosa Alegoria da Caverna, de Platão, como agem os tabus e preconceitos sobre a vida das pessoas, como elas lidam com isso, e como a maioria reage quando alguem se propoe a quebrar esses tabus. Você provavelmente já conhece essa história, mas acredito que se apresentada num contexto diferente, ela talvez possa significar muito mais do que significou antes.

O Mito da Caverna - Platão

~~Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um muro alto. Entre o muro e o chão da caverna há uma fresta por onde passa um fino feixe de luz exterior, deixando a caverna na obscuridade quase completa. Desde o nascimento, geração após geração, seres humanos encontram-se ali, de costas para a entrada, acorrentados sem poder mover a cabeça nem se locomover, forçados a olhar apenas a parede do fundo, vivendo sem nunca ter visto o mundo exterior nem a luz do sol, sem jamais ter efetivamente visto uns aos outros nem a si mesmos, mas apenas as sombras dos outros e de si mesmos por que estão no escuro e imobilizados. Abaixo do muro, do lado de dentro da caverna, há um fogo que ilumina vagamente o interior sombrio e faz com que as coisas que se passam do lado de fora sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Do lado de fora, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras ou imagens de homens, mulheres e animais cujas sombras também são projetadas na parede da caverna, como num teatro de fantoches. Os prisioneiros julgam que as sombras de coisas e pessoas, os sons de suas falas e as imagens que transportam nos ombros são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são seres vivos que se movem e falam.
Um dos prisioneiros, inconformado com a condição em que se encontra, decide abandoná-la. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões. De inicio, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o escala. Enfrentando os obstáculos de um caminho íngreme e difícil, sai da caverna. No primeiro instante, fica totalmente cego pela luminosidade do sol, com a qual seus olhos não estão acostumados. Enche-se de dor por causa dos movimentos que seu corpo realiza pela primeira vez e pelo ofuscamento de seus olhos sob a luz externa, muito mais forte do que o fraco brilho do fogo que havia no interior da caverna. Sente-se dividido entre a incredulidade e o deslumbramento.
Ao permanecer no exterior o prisioneiro, aos poucos se habitua a luz e começa a ver o mundo. Encanta-se, tem a felicidade de ver as próprias coisas, descobrindo que estivera prisioneiro a vida toda e que em sua prisão vira apenas sombras. Doravante, desejará ficar longe da caverna para sempre e lutará com todas as forças para jamais regressar a ela. No entanto não pode deixar de lastimar a sorte dos outros prisioneiros e, por fim, toma a difícil decisão de regressar ao subterrâneo sombrio para contar aos demais o que viu e convencê-los a se libertarem também.
Só que os demais prisioneiros zombam dele, não acreditando em suas palavras e, se não conseguem silenciá-lo com suas caçoadas, tentam fazê-lo espancando-o. Se mesmo assim ele teima em afirmar o que viu e os convida a sair da caverna, certamente acabam por matá-lo. Mas quem sabe alguns podem ouvi-lo e, contra a vontade dos demais, também decidir sair da caverna rumo a realidade?

*** Pedro Vilela @ 09:38

quinta-feira, 6 de março de 2008

"Escrúpulo aparentemente injustificado, sem fundamento ou imotivado"
-Exerto do dicionário Houaiss para "Tabu"

. . Desde o momento em que você nasceu até o dia em que se declarou pronto para sair de casa e enfrentar o mundo sozinho, você foi ensinado, guiado, influenciado e moldado pelos seus pais, parentes e educadores. Eles lhe ensinaram seus valores, costumes, tradições, virtudes, o certo e o errado inquestionáveis. Entretanto, provavelmente também lhe injetaram todos os seus próprios medos, procenceitos, aversões e tabus. Você cresceu com esses preconceitos e acreditou neles, e talvez ainda acredite. Você tem medo e evita falar sobre eles sempre que pode.
. . Esse blog se propõe a falar aberta e imparcialmente sobre todas as verdades que foram ocultadas ou distorcidas antes de serem repassadas a você. Tudo aquilo que nem você nem os seus educadores realmente sabiam o suficiente para julgarem bo, ou ruim, mas que mesmo assim, pré-julgaram. Todos aqueles tabus provavelmente baseados em mitos ou ausência de verdades e informações precisas e imparciais. Falaremos sobre e mostraremos tudo aquilo que você provavelmente não sabe ou sabe pouco sobre aquilo que considera ruim, errado. Religiões, ideologias, movimentos, seitas, pessoas, drogas, músicas, artes, filosofias. Acabaremos com todos aqueles estereótipos tão úteis e convenientes quanto incorrespondentes á realidade que nos são apresentados todo o dia.
. . Mas será que você está pronto para isso? Será que tem coragem de quebrar com alguns de seus mais fortes principios e ir de encontro com a base da sua educação? Será que está pronto para aceitar a verdade? Será que vai conseguir terminar de ler os primeiros paragrafos sem gritar "Blasfêmia!" e me chamar de seguidor do diabo, delinquente, anarquista, vândalo, má influencia?
. . . Será que está pronto para se livrar do seu Tabu?

Marcadores: introdução tabu

*** Pedro Vilela @ 06:02